Estatísticas da Secretaria de Segurança Pública evidenciam a vulnerabilidade do pedestre em relação à criminalidade: em média, 60 pessoas são roubadas por dia nas ruas do Distrito Federal. Ceilândia ocupa o primeiro lugar no ranking, com 85 roubos a transeuntes somente nos primeiros seis meses de 2013.
No primeiro semestre deste ano, foram registrados 10.802 roubos. Para o coronel Tedeschi, da PM, “qualquer nível de criminalidade é alto, o ideal é que fosse zero. Mas não depende só da polícia. É preciso que haja locais bem iluminados, onde se possa passar com segurança. O cidadão não deve se aventurar por locais onde ele não se sinta seguro”, diz.
Sem alternativa
Morador de Ceilândia, o auxiliar de limpeza Antonio Silva é obrigado a se aventurar por ruas vazias e escuras, diariamente, quando volta de madrugada do trabalho. Ele foi assaltado perto da estação do metrô. “Uns caras chegaram perto e pediram dinheiro. Como eu não tinha, levaram o celular e o par de tênis. Quando fui à polícia, o policial me perguntou o que eu estava fazendo na rua a essa hora!”, indigna-se. “Não passo por ali porque quero, é porque preciso”, desabafa.
Muitos roubos acontecem em plena luz do dia, como foi o caso da secretária Jamile Rocha, assaltada ontem, no horário de almoço. “Chegaram dois moleques e me pediram o celular. Eu neguei, mas eles puxaram e saíram correndo”, diz. Jamile sequer registrou ocorrência, por descrença na polícia. “É perda de tempo. Estamos reféns dos criminosos”.
Medo é constante
A estudante G.M., moradora de Ceilândia, foi assaltada na saída da escola. “Eu estava com o celular no bolso. Um homem chegou por trás e disse: ‘Me passa o celular, senão eu atiro’. O mais estranho é que tinham dois policiais na porta da escola”, relata.
Edinalva Marques já foi furtada na Feira de Ceilândia e teve seu estepe levado enquanto estava na academia. Mesmo não tendo sido vítima de violência física, ela se sente coagida. “Fico com medo de andar na rua. Levo meus filhos para a natação de ônibus porque tenho mais medo ainda de sofrer um sequestro relâmpago. Fui à delegacia fazer ocorrência dos furtos que sofri, o policial afirmou que iam fazer somente para constar na estatística e que não poderia fazer nada, pois isso acontece todos os dias. A minha confiança na polícia é zero”, diz.
Mas há quem concorde que muitas vezes é a vítima que não toma o devido cuidado. A professora Vilma Costa passa pelo centro de Ceilândia todos os dias e diz que nunca foi roubada. “Acho que é porque tomo muitos cuidados. Nós é que temos que nos guardar e não vacilar”.
0 Comentários